A primeira parte deste capítulo mostra que Deus, sendo justo, pode mostrar misericórdia para qualquer homem – até para os gentios. Quando Deus, na sua misericórdia, oferecia algumas vantagens grandes aos judeus, eles não reclamaram. Agora que ele oferece bênçãos espirituais a todos – judeus e gentios – alguns podem distorcer o sentido da misericórdia e acusar Deus de injustiça. Neste trecho, Paulo responde a estas objeções.
Devemos lembrar do princípio já estabelecido nos primeiros capítulos do livro. Se for aplicar apenas a justiça de Deus, todos os homens seriam perdidos, pois todos pecaram (3:23) e o pecado leva à morte (6:23). Quando se trata de misericórdia, o pecador é poupado e não sofre a conseqüência de seu erro, pela bondade não merecida que Deus lhe oferece. Nem judeu nem gentio pode se justificar e satisfazer a justiça de Deus. Ambos dependem da graça, da misericórdia, demonstrada no sacrifício de Jesus, pelo qual Deus se mostra justo e justificador (3:25-26).
O Oleiro e os Vasos (19-29)
Aqui Paulo reconhece que alguém, na arrogância humana, poderia culpar Deus por exercer seu direito de mostrar misericórdia. Uma possível objeção: Se Deus aceita e rejeita quem ele quer, como ele pode condenar alguém? Não foi o próprio Deus que decidiu tudo? (19). Esta objeção não é tão diferente da doutrina, muito difundida hoje, da predestinação, que sugere que a salvação e a condenação dos homens dependem somente do capricho de Deus. Pessoas que defendem tais idéias precisam ler a repreensão dada aqui por Paulo.
Da mesma maneira que o oleiro decide que tipo de vaso fazer, Deus tem todo direito de definir quais pessoas ou grupos de pessoas receberão a sua misericórdia. Quando ele decidiu salvar os crentes (judeus e gentios) e condenar os descrentes (judeus e gentios), ele agiu dentro de sua soberania (20-21). Deus tem direito de determinar a hora para castigar os malfeitores, como também para salvar os fiéis (22-23).
Os cristãos, sejam judeus ou gentios, são aqueles que receberam a misericórdia dele (24). Deus fez, na salvação dos gentios, exatamente o que Oséias previu na sua profecia (25-26). Oséias jamais sugeriu a salvação sem obediência. Os que receberam a misericórdia de Deus foram os mesmos que se arrependeram e se converteram ao Senhor (Oséias 14:1-4). Nessas condições, Deus mostrou a sua misericórdia.
Quanto aos judeus, Deus salvou o restante que se converteu, e castigaria os outros, que o rejeitaram, exatamente como profetizou Isaías (27-29). Isaías 1:9, citado no versículo 29 aqui, mostra que a justiça de Deus teria destruído todos os judeus. Foram salvos pela graça. Quem depende da graça não pode se queixar da salvação dos outros!
Salvação pela Fé (30-33)
A conclusão:
- Os gentios não buscavam a salvação, mas alguns a alcançaram pela fé (30).
- Os judeus buscavam a salvação na lei, mas não a encontraram (31).
Por que? Porque a salvação não vem pelas obras da lei. Quando tentaram se salvar pela lei, rejeitaram a salvação em Cristo, a “pedra de tropeço” (32-33).
–por Dennis Allan
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